África na UFSC

O projeto África na UFSC tem como objetivo tornar visível a presença africana na UFSC através de seus estudantes, provenientes de diferentes países do continente e as pesquisas realizadas nesta Universidade, em diferentes níveis de formação e áreas de conhecimento. Nossos conhecimentos sobre a presença dos estudantes africanos na UFSC iniciou-se em 2023 para o evento Maio África, em que realizamos uma exposição divulgando pioneiramente uma série de informações até então desconhecidas da própria comunidade universitária sobre o numero de estudantes africanos/africanas, seus países de origem e as áreas e níveis de formação na UFSC em seus diversos campus. Além disso, em um levantamento no repositório de nossa Biblioteca Central chegamos a um numero muito relevante e surpreendente de dissertações e teses sobre o Continente africano produzidas em nossa Universidade. Esse trabalho resultará em um relatório minucioso publicado em breve em nosso site.

Para ver um vídeo da exposição você pode acessar o projeto Maio África aqui mesmo neste site e buscar o vídeo que compõe a exposição sobre a Oficina de Pandorgas. Foi um momento muito especial e vale a pena ver!

Ilka Boaventura Leite
Francine Costa
Vanessa Coelho
Para dar continuidade a esta importante visibilidade da produção científica dos estudantes africanos/as na UFSC vamos apresentar a série “Africa na UFSC: entrevistas e depoimentos”. A seguir iremos apresentar uma série de depoimentos sobre teses e dissertações defendidas na UFSC. Para coordenar essa atividade convidamos Nataniel Cassoma Kuanza, presidente da Assaf, Associação de Angolanos/as em Florianópolis.

Depoimento de Nsimba José, natural de Angola, professor vinculado ao Departamento de Línguas e Literaturas Africanas da Faculdade de Humanidades/ Universidade Agostinho Neto (Angola) e doutor em Literatura pela UFSC. O depoimento foi gravado em 2023, baseado em sua tese intitulada Rios e rochedos: espaços de enunciação de memória a partir de canções em trânsito no Kwimba e na Ekunya (clique no título para acessá-la):

Depoimento de Ezra Alberto Chambal, moçambicana, com doutoramento em Linguística, pela Universidade Federal de Santa Catarina (USFC). É Mestre em Linguística (2010), pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM – Moçambique), Licenciada em Linguística e Literatura (2005) também pela UEM, onde é docente, na categoria de Professora Auxiliar no Departamento de Línguas, Faculdade de Letras e Ciências Sociais. O depoimento foi gravado em 2024, baseado em sua tese intitulada Identidade categorial e função dos ideofones do changana (clique no título para acessá-la):

Depoimento de Hélio Bento Maúngue Sociólogo. Investigador Científico do Centro de Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas e membro no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane (UEM – Maputo, Moçambique). Doutorado em Sociologia e Ciência Política, área de concentração: Sociologia (2022) e Mestrado (2015) em Sociologia Política na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Licenciatura em Sociologia (2009) e Bacharel em Ciências Sociais. Orientação em Sociologia (2006). Sua tese é Corredores de desenvolvimento, desenvolvimento rural e transformação social em Moçambique: dinâmicas sociais e produtivas em comunidades do Corredor de Nacala (clique para acessá-la):

Esta pesquisa se inscreve no contexto que envolve as “políticas de alfabetização para a educação de adultos no contexto pós-independência em Angola”. O estudo buscou responder a seguinte questão/problema: Quais as políticas públicas de alfabetização para a educação de adultos após o processo de independência em Angola? Para a concretização dos objetivos definidos, o trabalho apresenta-se estruturado em seis capítulos e as conclusões. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter documental e bibliográfico, em que para a construção do estudo foram consultadas e realizada a análise de conteúdo de diversas fontes, desde bibliográficas, documentais, além de dados empíricos coletados mediante a aplicação de questionário on-line. Diante do exposto ao longo da nossa pesquisa, foi possível apurar que apesar de haver intenção por parte do governo angolano e parceiros, de acabar com o analfabetismo, assegurar a educação no ambiente dos adultos e diminuir a defasagem escolar por intermédio de dispositivos legais estratégicos que existem, entre os quais: LBSEE (Lei n.º 32/20), o Plano de Estratégia Integrada Para a Melhoria do Sistema de Educação 2001-2015, Estratégia de Relançamento da Alfabetização e a Recuperação do Atraso Escolar para o período 2006-2015, Plano de Acção para a Intensificação da Alfabetização e da Educação de Jovens e Adultos Plano EJA-Angola 2019-2022 (entre outros), o processo ainda carece de meios necessários para contornar a situação e melhorar o quadro atual. As contribuições desta dissertação permitiram situar os instrumentos legais implementados no contexto da sociedade angolana, especificamente no tocante à alfabetização e à educação de adultos. Este é um aspecto importante dos alcances desta investigação, que além de documentar as políticas de alfabetização e adultos, permitiu situar elementos fundamentais para a compreensão da continuidade do processo escolar desses adultos por meio de políticas de Estado. Aponta-se, também como contribuição, a possibilidade de documentar o cenário do contexto educativo angolano e dos alcances em relação à alfabetização e à educação de adultos para que se possam vislumbrar novas ações por parte da gestão educativa do país. 

Acesse a dissertação a seguir: As políticas de alfabetização para a educação de adultos no contexto pós? independência em AngolaEste trabalho começa por mostrar que o território que atualmente pertence a Angola sempre foi habitado pelos povos khoisan e bantu. Contudo, em 1482, os portugueses atracaram pela primeira vez na foz do Rio Zaire. A partir daí, começaram os primeiros contatos entre os bantu e os portugueses, bem como entre as línguas de ambos os povos. Os eventos que se seguiram foram a colonização e as lutas pela independência de Angola até sua proclamação em 1975. Depois da independência, escolheu-se o português como a língua oficial de Angola. Entretanto, ao longo deste trabalho, mostrou-se que, não obstante o português seja a língua oficial, existem particularidades entre o português de Angola (doravante PA) e de Portugal, que ainda é usado como modelo de língua em Angola (Miguel, 2003). Ainda nesta senda, Mingas (2000) mostra que o português de Angola difere-se do de Portugal devido à influência das línguas bantu. No que tange à modalidade, a espinha dorsal deste trabalho, teve-se como ponto de partida o texto de Cinque (1999), que, em síntese, estabelece posições específicas para os núcleos funcionais da sentença. Assim sendo, para testar a posição do verbo modal epistêmico no PA em relação a categoria tempo, aspecto e coocorrência de modais, elaborou-se três questionários diferentes, na parte da metodologia, tendo como modelo o texto de Vander Klok (2022). No cômputo geral, este trabalho é de extrema importância no que concerne ao estudo dos verbos modais no PA, nas línguas bantu e Khoisan de Angola, visto que não há trabalhos que se debruçam sobre essa temática.O objetivo deste trabalho é descrever e analisar o processo de alternância dos pronomes de segunda pessoa do singular na língua falada de informantes angolanos residentes em Santa Catarina. Esse objetivo está relacionado aos seguintes objetivos específicos: a) Identificar qual a forma de realização dos pronomes de segunda pessoa (tu e você) é a mais frequente; b) Investigar a influência de fatores linguísticos que envolvem o processo de variação dos pronomes tu e você; c) Investigar a influência de fatores extralinguísticos que envolvem o processo de alternância dos pronomes tu e você; d) Analisar qualitativamente as percepções linguísticas dos informantes concernentes ao uso variável dos pronomes de segunda pessoa bem como da concordância verbal correspondente. Os postulados teóricos-metodológicos usados nesta pesquisa são da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH, LABOV, HERZOG, 2006 [1968] e LABOV, 2008, [1972]) os quais consideram a língua um sistema heterogêneo e ordenado. Para realizar este trabalho coletamos uma amostra de 20 entrevistas realizadas com informantes angolanos residentes em Santa Catarina. Na primeira parte das entrevistas, as perguntas versaram sobre temas gerais, com foco na identificação e na localidade dos informantes e em temas como lazer, educação e saúde pública. Na segunda parte das entrevistas, foram feitas algumas perguntas sobre o modo de falar dos brasileiros e angolanos para captar a percepção dos informantes acerca do uso linguístico de formas variáveis das variedades do português angolano e brasileiro. Todos os dados de segunda pessoa do singular encontrados na amostra foram submetidos a uma análise quali-quantitativa. Para a análise quantitativa, usamos a primeira parte das entrevistas, levando em conta a força das variáveis independentes preenchimento do sujeito pronominal de segunda pessoa, concordância verbal, formas de complemento, formas do possessivo, formas do imperativo, indivíduo/idade, sexo, escolaridade, cidade de origem em Angola, tempo de estadia no Brasil e tempo em que reside em Santa Catarina sobre a variável dependente formas associadas a tu e formas associadas a você. Os resultados estatísticos mostraram que, do total de 853 ocorrências analisadas, 652 dados foram de formas associadas a você (76%) e 201 dados de formas associadas a tu (24%). Com respeito aos resultados sobre os condicionadores internos e externos, os índices mostraram que a alternância pronominal é motivada linguística e socialmente. Para a análise qualitativa, levamos em conta as respostas dos informantes sobre usos linguísticos variáveis relacionados também aos pronomes de segunda pessoa do singular. Essa análise mostrou que os informantes atribuem a flexão verbal variável do pronome você a uma das marcas da variedade do português angolano e a flexão variável do pronome tu a uma das marcas da variedade do português brasileiro.O objetivo deste trabalho é descrever e analisar o processo de alternância dos pronomes de segunda pessoa do singular na língua falada de informantes angolanos residentes em Santa Catarina. Esse objetivo está relacionado aos seguintes objetivos específicos: a) Identificar qual a forma de realização dos pronomes de segunda pessoa (tu e você) é a mais frequente; b) Investigar a influência de fatores linguísticos que envolvem o processo de variação dos pronomes tu e você; c) Investigar a influência de fatores extralinguísticos que envolvem o processo de alternância dos pronomes tu e você; d) Analisar qualitativamente as percepções linguísticas dos informantes concernentes ao uso variável dos pronomes de segunda pessoa bem como da concordância verbal correspondente. Os postulados teóricos-metodológicos usados nesta pesquisa são da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH, LABOV, HERZOG, 2006 [1968] e LABOV, 2008, [1972]) os quais consideram a língua um sistema heterogêneo e ordenado. Para realizar este trabalho coletamos uma amostra de 20 entrevistas realizadas com informantes angolanos residentes em Santa Catarina. Na primeira parte das entrevistas, as perguntas versaram sobre temas gerais, com foco na identificação e na localidade dos informantes e em temas como lazer, educação e saúde pública. Na segunda parte das entrevistas, foram feitas algumas perguntas sobre o modo de falar dos brasileiros e angolanos para captar a percepção dos informantes acerca do uso linguístico de formas variáveis das variedades do português angolano e brasileiro. Todos os dados de segunda pessoa do singular encontrados na amostra foram submetidos a uma análise quali-quantitativa. Para a análise quantitativa, usamos a primeira parte das entrevistas, levando em conta a força das variáveis independentes preenchimento do sujeito pronominal de segunda pessoa, concordância verbal, formas de complemento, formas do possessivo, formas do imperativo, indivíduo/idade, sexo, escolaridade, cidade de origem em Angola, tempo de estadia no Brasil e tempo em que reside em Santa Catarina sobre a variável dependente formas associadas a tu e formas associadas a você. Os resultados estatísticos mostraram que, do total de 853 ocorrências analisadas, 652 dados foram de formas associadas a você (76%) e 201 dados de formas associadas a tu (24%). Com respeito aos resultados sobre os condicionadores internos e externos, os índices mostraram que a alternância pronominal é motivada linguística e socialmente. Para a análise qualitativa, levamos em conta as respostas dos informantes sobre usos linguísticos variáveis relacionados também aos pronomes de segunda pessoa do singular. Essa análise mostrou que os informantes atribuem a flexão verbal variável do pronome você a uma das marcas da variedade do português angolano e a flexão variável do pronome tu a uma das marcas da variedade do português brasileiro.